Criança há mais de 40 dias sem defecar passa por lavagem intestinal

Após procedimento na terça-feira (14), menino pôde retirar a sonda por onde se alimentava. Ele prossegue internado no Hospital da Criança, em Macapá.
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Por ANDRÉ ZUMBI

O drama vivido pelo menino Ednando Bessa da Silva, de apenas 10 anos, começa a ganhar a contornos de esperança. Apesar disto, a família segue contando com a solidariedade da população para poder arcar com gastos de fraldas, produtos de higiene, transporte e alimentação na capital.

Internado no Hospital da Criança e do Adolescente (HCA), em Macapá, desde domingo (12), quando completou 40 dias sem defecar, ele passou, na terça-feira (14), por um delicado e específico procedimento de lavagem intestinal que resultou numa leve melhora do quadro de saúde.

O garoto chegou à capital transferido do Hospital Estadual de Laranjal do Jarí, município no sul do Amapá, onde mora com a avó. O Portal SelesNafes.com relatou o sofrimento da criança, que enfrenta uma batalha pela saúde desde os primeiros dias de janeiro.

Segundo a mãe, Edivani Bessa Silva, de 28 anos, tudo começou com fortes febres, vômitos, dores de barrida e constipação – intestino ‘preso’.

Mãe passa o dia e dorme no hospital junto com o filho. Fotos: Divulgação

Foram 9 idas e vindas ao hospital de Laranjal antes da equipe médica de lá resolver operá-lo com urgência, em fevereiro. O garoto agora tem pontos na barriga desde a altura do estômago até a região pélvica.

Dez dias depois da cirurgia, ele foi liberado, mas logo piorou novamente e precisou retornar ao hospital. Com o quadro cada vez pior, Ednando foi transferido para o HCA, onde exames constataram uma grande quantidade de fezes no trato intestinal.

A diretora assistencial do HCA, a enfermeira Gisele Mourão, lembra que ele chegou em estado grave em Macapá.

“Criança estava desidratada, desnutrida, letárgica, quase inconsciente”, descreveu a enfermeira.

Após cirurgia em Laranjal do Jari, quadro de saúde piorou

Contudo, após o procedimento de terça, a equipe médica do HCA ficou mais otimista, mesmo sem ainda ter um diagnóstico preciso do que tem provocado a situação.

Nesta quarta-feira (15), o menino estava mais aliviado das incessantes dores, que antes só eram suportáveis com uso de morfina – um potente analgésico hospitalar. Ele pôde retirar a sonda a sonda nasogástrica por onde estava sendo alimentado. Já conseguiu ficar em pé e até ingeriu água de coco, via oral.

“Hoje o estado clínico dele é outro. Já está conseguindo andar, não está mais se alimentando pela veia, está sem sonda, o abdômen já não está mais distendido como estava”, relatou Gisele Mourão.

Ednando estava sendo sedado para não sofrer com as dores antes da lavagem. Ele estava sendo alimentado através de uma sonda pelo nariz

A profissional informou que, por enquanto, a possibilidade de uma nova cirurgia está descartada. O menino será acompanhado daqui pra frente por uma equipe multiprofissional, formada por médicos gastro, clínico e cirurgião pediátricos. Eles e outros profissionais observarão como o garoto vai reagir nos próximos dias.

“O que a equipe quer é que o intestino da criança volte a funcionar, sem a necessidade de nova intervenção cirúrgica”, resumiu.

A mãe de Ednando agradeceu a todas a pessoas que ajudaram desde que a primeira reportagem foi ar. Ela continua recebendo doações para custos com a estadia em Macapá e para a compra de fraldas e produtos de higiene para o filho, além de deslocamento e alimentação consigo e com a avó do menino.

“Essa lavagem surtiu um efeito positivo, graças a Deus. Ele tá reagindo bem. Mas a equipe médica informou que o tratamento vai ser longo, de mais de 30 dias. Por isso eu agradeço muito às pessoas que estão nos ajudando e quem puder ainda contribuir eu agradeço muito, de coração”, ressaltou Edivani.

O contato dela é (41) 99278-5308 a doações podem ser feitas pelo pix [email protected], em nome de Edivani Bessa Silva.

Ednando está internado no Hospital da Criança, em Macapá

Equívoco

O HCA esclareceu, nesta quarta, que houve mau entendimento da família do paciente quanto à requisição de um exame de colonoscopia. Segundo Gisele Mourão, o procedimento foi cogitado, inicialmente. No entanto, não chegou a ser requisitado pelo médico especialista.

Segundo ela, o exame foi contraindicado pelo gastropediatra por exigir um preparo rigoroso, que a criança não iria suportar.

“As condutas estão diferentes agora, mas na época que pegamos a criança, no domingo [12], houve essa cogitação de colonoscopia para saber o que estava causando esse impedimento de evacuar, mas como a criança estava vomitando e o preparo para o exame exige muito do paciente, foi cancelado”, esclareceu a diretora.

Ednando em imagem antes do sofrimento começar

Ela também ressaltou que a colonoscopia é ofertada na rede pública e a realização do exame está normalizada.

“Não houve nenhum pedido de exame, e nem omissão ou atraso ou questões administrativas de pendências relacionadas a este exame. E também não existe nenhum exame pendente em relação a este paciente”, garantiu a diretora assistencial.

Seles Nafes
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