Amapaenses buscam o recorde mundial de kitesurf no litoral brasileiro

A alucinante jornada de Chumbinho, Eliton e Marcelo começa em Natal, no Rio Grande do Norte, com destino a Macapá, no Amapá.
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Por IAGO FONSECA

“Muita coisa pode dar errado, se não todo mundo já tinha feito. Nossa experiência na Amazônia vai ser fundamental”, declarou confiante Eliton Franco, de 45 anos, líder do trio de kitesurfistas nortistas que buscam bater o recorde mundial de 2.200 km sem apoio náutico, entre seis estados no litoral brasileiro no domingo (17).

Apesar de existir recordes de mais de 3000 km em velejo com hidrofólio, a prática sem suporte náutico é inédita, segundo Eliton.

“Já houve outros acompanhados por jet ski e barcos, mas a nossa não será assim, nessa modalidade não tem ninguém próximo disso”, afirmou o esportista.

Os atletas partem de Natal (RN) na manhã de domingo (17) em suas pranchas. Passarão, então, 13 dias velejando a 20 km mar adentro apenas com água potável, ração humana, medicamentos e equipamentos de localização via satélite até Macapá (AP), com chegada prevista para a tarde de sábado (30).

O percurso que os três corajosos kitesurfistas irão fazer

O trio é formado pelos amapaenses Eliton Franco e Chumbinho (Francimar Santos), de 45 anos, que possuem 14 anos de experiência no esporte, e pelo paraense Marcelo Gonçalves, de 49 anos, que pratica há cinco.

“Vamos passar por grandes manguezais e praias do norte e nordeste, onde não há civilização. (…) O preparo físico é essencial, mas não é tudo. A mente é o grande vilão desse tipo de atividade. Você pode estar muito forte, com boa capacidade muscular, mas é preciso que se esteja bem mentalmente para não fazer besteira, não tomar decisões erradas”, ponderou Eliton.

Amapaense Eliton Franco: “é preciso que se esteja bem mentalmente para não fazer besteira”

Paraense Marcelo Gonçalves pronto para o desafio

Comunicador via satélite

Serão 200 km por dia em velocidade média de 30 km por hora. Os atletas farão pausas em praias e florestas para descansar durante a noite.

“Já fizemos uma longa distância de Marudá (PA) até Macapá, mas não consegui chegar até o fim por ser derrubado por uma onda que lesionou meu joelho. A preparação física é muito importante, exige muita resistência, ficamos agachados por muito tempo”, contou Chumbinho.

A modalidade vela com hidrofólio é olímpica e estreia nas competições de Paris em 2024. Para Chumbinho, competir olimpicamente é um desejo futuro, devido a não ter restrição de idade para a modalidade.

Francimar Santos, o Chumbinho, já lesionou o joelho em outras aventuras

Dispositivo com mapeamento cartográfico e função que localiza cidades próximas

“Como participamos de competições, isso vai ser um grande aprendizado para nós, por adquirirmos resistência física e técnicas de velejo, pelas condições de vento e maré. Não vamos tentar nessa, mas na próxima”, refletiu o atleta.

Para Marcelo, há poucos praticantes de kitesurf no Pará. Pela longa amizade com Eliton e afinidade com o esporte, começou a treinar e foi convidado para a jornada. “A experiência será desafiadora, vamos dormir em praias e há o perigo dos animais, como onças”, comentou.

Segundo Eliton, todos os seis estados foram comunicados sobre a aventura, para dar suporte em caso de emergências. Eles viajam com um aparelho de mapeamento cartográfico e um comunicador para envio e recebimento de mensagens via satélite.

Chumbinho, Eliton e Marcelo encaram desafio no domingo

Os dispositivos impermeáveis possuem funções para localizar civilização próxima em caso de perda do trajeto e um botão ‘SOS’ que notifica familiares, marinha e demais autoridades para resgate.

“O comunicador tem bateria para 10 dias, mas faremos paradas de Natal até São Luís, no Maranhão para recarregar. A partir de São Luís as coisas complicam até chegarmos em Marudá, no Pará, depois disso só teremos comunicação por satélite”, conclui Eliton.

Seles Nafes
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