Por ALLAN VALENTE
A orla de Macapá é, sem dúvida, um dos espaços mais movimentados da cidade, frequentada tanto por moradores em busca de encontros casuais e atividades físicas quanto por turistas do Brasil e do mundo.
O local oferece um cenário encantador, de beleza exótica, tendo como protagonista o majestoso rio Amazonas. Nos últimos anos, porém, um programa tem ganhado cada vez mais adeptos: pescaria ao longo da orla.
A pesca na orla de Macapá virou febre. Seja por esporte, comércio ou subsistência, a prática tem atraído um público cada vez mais diverso. Funcionários públicos, desempregados, solitários, casais, grupos de amigos e até crianças se reúnem para lançar suas linhas e esperar o momento exato em que o peixe morde a isca.
Essa paixão se estende do bairro Perpétuo Socorro até a praia do Aturiá, sempre com a mesma cena: pessoas munidas de varas e anzóis, imersas na paciência e na expectativa da boa pescaria.

Para Wilson …

… a pesca é uma terapia. Fotos: Allan Valente
“Minha pesca é só esportiva, uma terapia”, conta Wilson Costa, morador do Perpétuo Socorro. Ele e seu companheiro de pescaria – que prefere não se identificar – passam as tardes no Trapiche Eliezer Levy, lançando suas linhas e trocando histórias.
“Já peguei uma pirarara enorme no Canal do Jandiá”, relata seu Wilson, abrindo os braços para ilustrar o tamanho do peixe, sem esconder um certo exagero típico das histórias de pescador.
Para muitos, o ato de pescar vai além da captura do peixe. É também um momento de socialização, de compartilhar risadas e experiências. O autônomo João Vieira é um dos que valorizam esse aspecto.

Pescaria reúne desde namorados …

… à famílias …

… e até crianças levadas pelos pais
“Hoje paramos aqui para tomar umas cervejas, bater um papo e pescar na margem do rio Amazonas, essa maravilha!”, diz, apontando para as águas. “No fim, dividimos o que conseguimos. Cada um leva um pouco para casa.”
João, já visivelmente animado pela bebida, reforça que a pescaria também é uma desculpa para celebrar a amizade.
Além do lazer, para alguns, a pesca também representa uma necessidade. Desempregada no momento, dona Maria de Nazaré vê no Igarapé das Mulheres uma oportunidade de garantir o alimento da família.

João: momento de socialização, de compartilhar risadas e experiências com amigos

Maria de Nazaré vê uma oportunidade de garantir o alimento da família

Alguns passam horas contemplando o rio e …

… fisgando os peixes
“Aqui tem piramutaba, mandubé, mandi… Às vezes até ituí! Ele não belisca, só se enrola na linha. Como é comprido, acaba se enrolando todo”, explica.
Quando a noite cai, ela busca outra presa: “Venho à noite para pegar arraia”.
As arraias, aliás, são um dos grandes atrativos para os pescadores, ainda que muitos as devolvam ao rio após a captura, admirando a diversidade de espécies que o Amazonas abriga.
variedade de peixes, a tranquilidade das águas, a adrenalina do esporte e os benefícios terapêuticos fazem da pesca um passatempo irresistível para muita gente. É o caso de dona Lucila dos Santos, aposentada que há mais de 20 anos vive no Amapá. Para ela, pescar é um refúgio.

As espécies são variadas

Arraias são um dos grandes atrativos para os pescadores
“Quando estou com problemas, a pesca me faz esquecer tudo”, confessa.
Seja para o sustento, para aliviar o estresse ou apenas para o prazer da espera, a pesca na orla de Macapá conquistou seu espaço. E, ao que tudo indica, veio para ficar.