Encontro em Macapá define soluções logísticas para Escolas Indígenas do Tumucumaque

Evento na Secretaria de Educação do Amapá reúne representantes das 24 escolas indígenas da região.
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Por RODRIGO DIAS

Diretores e pedagogos das 24 escolas localizadas no Parque do Tumucumaque estão em Macapá para um encontro sobre a educação indígena na região. Esta é a primeira vez, desde 2006, que as equipes estão reunidas.

Segundo a Secretaria Estadual de Educação, o objetivo é aproximar as escolas das políticas educacionais realizadas na rede estadual de ensino, além de identificar e buscar soluções para as principais dificuldades relatadas pelos gestores. A partir do encontro, técnicos irão promover escutas pedagógicas com cada uma das 24 equipes.

Silvia Vidal, indígena Karipuna e primeira gestora a trabalhar com etnia diferente da sua – Tiriyo, no caso – também atende os Kaxuyana e Tikuiana na Escola Indígena Estadual Werekemun. São 64 alunos com duas salas anexas muneni, que ficam opostas à escola-mãe.

Silvia Vidal: “Eu, sendo mulher indígena, considero de grande importância esse encontro”

São diretores e pedagogos das 24 escolas localizadas no Parque do Tumucumaque

“São alunos do ensino fundamental anos 1 e 2, além da EJA. Nossa maior dificuldade ali é a questão dos voos, que é uma luta de anos. Com eles, a gente pode transportar profissionais, materiais didáticos e alimentos. Eu, sendo mulher indígena, considero de grande importância esse encontro”, comentou Silvia, formada em Letras pela Unifap, com especialização em literatura, cultura e memória.

Já Arawaje Waiana Apalai, gestora da Escola Indígena Estadual Aranapoty, e com mestrado em Letras, na linha de pesquisa diversidade linguística, tem a mesma perspectiva.

“Sermos recebidos para tratar de vários assuntos, entre eles essa dificuldade, é gratificante. Na nossa região, tudo é muito distante e esses voos ajudariam bastante. Sabemos que não é fácil, mas com vontade tudo se torna possível e lutaremos para que isso vire uma realidade”, pontuou.

O Amapá conta com 54 escolas indígenas, sendo 24 na Unidade de Conservação Parque do Tumucumaque. São 7 mil alunos indígenas em escolas municipais e estaduais, dos quais 5 mil estão na rede estadual.

Arawaje Waiana Apalai: “Na nossa região, tudo é muito distante e esses voos ajudariam bastante”

Secretária de Educação, Sandra Casimiro: “Precisamos entender essa complexidade e montar um plano de recomposição de aprendizagem “

A secretária de Estado da Educação, Sandra Casimiro, destacou que é uma prioridade do governo fortalecer a educação indígena. Por isso, as ações começaram no ano passado com a conclusão do curso de formação de professores para atuarem no Tumucumaque e na região de Pedra Branca do Amapari, que estava paralisado há mais de 14 anos.

“Agora é o segundo momento de entrarmos com esses professores e fazermos os deslocamentos, que não são fáceis. Precisamos entender essa complexidade e montar um plano de recomposição de aprendizagem e orientar os gestores. Sobre os voos, já fizemos o processo licitatório das aeronaves, estamos com duas disponíveis para fazer o transporte dos professores. É uma região de difícil acesso para o pouso, então é um planejamento que requer muita dedicação e muito cuidado. A experiência dos gestores e professores é essencial para traçar esse plano de trabalho conjunto”, finalizou.

O encontro servirá ainda para a escolha de materiais escolares que serão encaminhados para as instituições de ensino indígena.

Seles Nafes
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