RODRIGO INDINHO
Um dia após o enterro, a família da policial militar assassinada, Emily Karine de Miranda Monteiro, falou com o Portal SelesNafes.com sobre o crime e como vivia o casal. Ela foi morta pelo companheiro, o também policial soldado Kassio de Mangas dos Santos, no último domingo (12), Dia dos Pais. Ele foi preso na manhã desta terça-feira (14).
O caso teve grande comoção social em Macapá. Segundo o tio da vítima, Rubem Miranda, 50 anos, eles moravam juntos há dois anos em um condomínio de vários apartamentos, que pertencia à família de Emily. Rubem contou que Kassio tratava bem a família.
“Ele vivia junto com ela e a mãe dela. Era uma família. Eles moram num condomínio, da própria família, todo mundo vive junto. Sempre fomos recebidos por ele com um beijo e um abraço. Na verdade, convivíamos com um lobo em pele de cordeiro, um sujeito que não teve piedade. No momento após o crime, ele ainda teve toda a frieza de entrar na casa onde estava a minha mãe e meu pai. Minha mãe está operada e meu pai com Alzheimer”, relatou Rubem.
Assim como ele, a tia de Emily, Rute Miranda, 57 anos, também foi acompanhar a apresentação e prisão do soldado Kassio, na Delegacia Especializada de Crimes Contra a Mulher (DECCM), que investiga o caso. Ela contou que o casal aparentava conviver bem, sem brigas frequentes. “Ela parecia ser muito feliz com ele, tinham uma vida muito regular”, confirmou.
De acordo com a tia da vítima, a confirmação da autoria do crime chocou a família exatamente porque Kassio fazia constantes declarações de amor à Emily e sempre era cortês com os parentes dela. “Pra gente foi um choque. Se fosse qualquer bandido… Mas o bandido dormia com ela. Nos enganava, dizia que era o amor da vida dele. Não matou num momento de desespero, ele matou friamente. Ele não deu chance de defesa. Se fosse acudida, estaria viva. Ele foi cruel”, lamentou Rute Miranda.
Segundo ela, Kassio alterou a cena do crime e depois conseguiu conversar com a sogra como se nada tivesse acontecido. Ele entregou a chave do apartamento onde viva com Emily e se despediu. “Ele limpou o local. Entrou, conversou com minha sogra, fez os disparos, não foram altos. Voltou, deixou a chave com minha sogra, e ainda disse pra minha sogra que estava tudo bem, que só tinham conversado. Pelo nosso entender, passou 40 minutos lá, foi exclusivamente pra matar”, desabafou a tia da vítima.
Em depoimento à Polícia Civil, o acusado disse que recebeu ajuda do irmão para se esconder até terminar o período de flagrante, sem, contudo, revelar a ele que tinha cometido o crime. “A pessoa que deu fuga pra ele, devia ser presa junto com ele. Porque nossa família é grande, não era uma qualquer, uma excelente policial, única filha, estamos sofrendo sem precedentes e espera que a justiça seja feita”, finalizou a tia da vítima.
Rubem Miranda ainda lamenta não ter dado tempo de socorrer a sobrinha. “Ela ainda chegou ao hospital com vida, se ele tivesse pelo menos informado, pelo menos ela teria sobrevivido, ela passou 40 minutos sangrando, sem ninguém, ela ainda gesticulou algo, pediu algo, e disse que não queria morrer”.
Foto de capa: Rodrigo Indinho/SN