Por RODRIGO ÍNDIO
Emocionados, com balões brancos e camisas personalizadas, familiares e amigos dos comerciantes Helklison da Silva e Rafael Almeida – padrasto e enteado, de 38 e 19 anos respectivamente – percorreram as vias do município de Santana na manhã desta sexta-feira (17) em protesto contra a ação policial que resultou na morte de ambos.
As investigações apontam que, na noite da sexta-feira anterior, dia 10, eles foram mortos com diversos tiros na cabeça e pelo corpo quando voltavam de um dia de trabalho e acabaram sendo atropelados por um carro que estava sendo perseguido por equipes do 4º Batalhão da PM.
Segundo os manifestantes, o ato de hoje cobra posicionamento da Polícia Militar sobre o ocorrido, expulsão dos militares envolvidos na ocorrência, além de punição judicial severa.
De acordo com Paulo Henrique, cunhado e tio das vítimas, a família vê o caso como execução, e não fatalidade.
“Isso não vai ficar no esquecimento, a família é corajosa. Estou com uma irmã [esposa e mãe das vítimas] em casa enlutada e que precisa de psicólogo. Nossa voz não vai se calar até que as pessoas da guarnição irresponsável e despreparada sejam responsabilizadas. Queremos expulsão”, detalhou.
Paulo lembra, ainda, que testemunhas do local relataram que padrasto e enteado, que estavam de bicicleta, foram atingidos pelo veículo em fuga, levantaram as mãos [sinal de rendição] e mesmo assim foram baleados.
“Fica difícil dormir sabendo que foi pedido misericórdia, que foi pedido clemência e mesmo assim não foi atendido (…) as consequências disso daqui não foi apenas a execução das duas pessoas, está sendo levado para a família. Minha irmã perdeu marido e filho, e meu outro sobrinho perdeu a referência (…) que as pessoas se sensibilizem por essa causa”, acrescentou Paulo.
A manifestação enfatizou durante todo ato que não estava julgando a instituição, ao contrário, que respeitava o trabalho desenvolvido pela PM em Santana. Com base nisso, eles dizem estar confiantes numa ação mais firme para punir os responsáveis.
A carreata teve concentração no cruzamento da Avenida Das Nações com Rua Everaldo Vasconcelos, onde ocorreu o caso. Depois, seguiu até a frente da sede do 4° Batalhão e terminou em frente ao Fórum da cidade.
A Polícia Civil pediu na última quinta-feira (17) a prisão dos policiais envolvidos no caso. Também é investigada a possibilidade da ocorrência ter resultado na morte de outro inocente.