Deficiente visual aprovada em concurso luta para assumir cargo

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Ao nascer prematura de oito meses, Kérsia Celimary Silvestre Ferreira, enfrentou o primeiro grande obstáculo de sua vida. Em seguida, acabou perdendo a visão ainda na incubadora do hospital. O crescimento e a escolaridade foram conquistados com bravura e o apoio da família até a formatura em Ciências Sociais pela Unifap. Agora, aos 29 anos, ela parece ter topado com o maior dos desafios: vencer o preconceito e assumir o cargo para o qual ela foi aprovada em concurso público em 2012. 

Kérsia mostra todos os exames que teve que realizar para assumir o cargo

Kérsia mostra todos os exames que teve que realizar para assumir o cargo

Kérsia estava feliz pela aprovação para o cargo de telefonista nos quadros da Secretaria de Saúde do Estado. A função era trabalhar no Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), mas os obstáculos começaram a surgir depois de uma convocação feita pela administração do concurso. “Há duas semanas consegui ser finalmente chamada para tomar posse no cargo para o qual me escrevi em 2012. Todos os exames admissionais estavam certos, porém a Junta Médica não está liberando a minha autorização para assumir o cargo por conta de uma das atribuições do cargo, que é anotar em questionário próprio. Segundo o médico, isso não está dentro das atribuições que eu posso exercer”, explicou indignada.

Kérsia não ficou desapontada apenas com a negativa da junta, mas com a forma como foi tratada pelo médico. Ele insinuou que a sua deficiência poderia colocar a vida de um paciente em risco. “É triste ver que por conta da ignorância e falta de conhecimento, pessoas que deveriam ser mais esclarecidas, como médicos, ainda tenham pensamentos preconceituosos sobre as pessoas com deficiência. Ainda por cima subestimando a capacidade de cada um. Como eles podem afirmar que não tenho condições de exercer a função?”, questiona.

Kérsia (1)

Kérsia comprovou que pode fazer uso do computador

Na última visita que Kérsia fez à junta médica da Sesa, ela foi informada que o parecer final sobre a situação só poderia ser dado depois que o responsável pelo Samu avaliar ocaso e informar se a moça poderá ou não assumir o cargo. A Lei 3.866, que regulamenta o trabalho público de deficientes, afirma que o local de trabalho deve se ajustar ao deficiente e não o inverso.

Por conta desse processo, Kérsia já pensa em entrar com um processo por danos morais contra a junta médica. Agora a socióloga afirma que vai aguardar o parecer final dos médicos para saber se seu processo será indeferido ou deferido.

Seles Nafes
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