Por MARCO ANTÔNIO P. COSTA
Neste domingo (28) centenas de ativistas sociais de várias causas juntaram-se para protestar em defesa dos povos Waiãpi. A manifestação realizada na praça Floriano Peixoto, área central de Macapá, marcou o repúdio pelo assassinato do cacique Emyra Waiãpi e expressou a solidariedade e preocupação com os povos indígenas.
Os manifestantes estenderam uma grande manta onde estava escrita a palavra “vida” e levaram um paneiro fabricado por Waiãpis onde depositaram os nomes dos indígenas assassinados nos últimos anos e agora, também, o do cacique Emyra Waiãpi.
Foram relembradas diversas lideranças indígenas assassinadas na Amazônia e em outras partes do país, nos últimos anos. Os ativistas denunciaram intenções antiecológicas do governo federal, bem como a preocupação com a banalização da importância dos povos indígenas e populações tradicionais em defesa do meio ambiente.
“Não deixaremos essa morte ser esquecida e ela tem que se tornar um combustível de revolta contra o desmonte que o governo Bolsonaro tem aplicado contra as estruturas de defesa dos povos indígenas e quilombolas e contra as estruturas de preservação da Amazônia. Vamos fazer uma grande reunião com os Waiãpi para que eles nos digam quais a melhores formas que, aqui, de dentro da cidade, a gente consiga fazer mobilização para ajudar nessa visibilidade internacional que a nossa causa tem que ter”, declarou uma das organizadoras da manifestação, a ativista política Heluana Quintas.
A atual crise ocorre depois de muitos anos sem conflitos na região conhecida por garimpeiros como “Esquadrão da morte”, ou simplesmente “Esquadrão”, que tem fama de ter alto potencial aurífero e também de outros minérios. A região fica no município de Pedra Branca do Amapari, no final da BR-210, conhecida como Perimetral Norte, há cerca de 180 km de Macapá.
“Estamos aqui porque somos todos parentes e isso diz respeito a todos nós. Estamos preocupados porque, além da morte confirmada, que parece que foi com crueldade, a situação ainda está tensa. Sou do movimento indígena há muitos anos e estamos sentindo insegurança agora. O índio protege a floresta e o meio ambiente, por isso, que tem gente com interesses econômicos que não gosta da gente. Precisamos de toda ajuda possível”, declarou o índio Kutanan Wayana, da etnia Wayana, que habita as regiões do Vale do Jari até o município de Oiapoque, dentro da área do Parque Nacional das Montanhas do Tumucumaque.
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