Clécio e Randolfe em 2018: Nota da Rede afirma que prefeito se afastou dos ideais da legenda, e que prefeito quer devolver a cidade a grupos corruptos. Foto: Seles Nafes
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Por SELES NAFES
A Rede Sustentabilidade sugeriu que o prefeito de Macapá, Clécio Luís, peça desfiliação do partido. Foi uma resposta ao pronunciamento dele de que apoiará um candidato do Centro, o empresário Josiel Alcolumbre (DEM), irmão do presidente do Senado, Davi Alcolumbre.
Numa nota assinada pela Executiva Municipal e pelo pré-candidato Rubem Bemerguy, a Rede lembrou que Josiel terá o provável apoio do governador Waldez Góes (PDT) e também do senador Flávio Bolsonaro (PSL), que já se manifestou nesse sentido em nome da família do presidente Jair Bolsonaro.
O partido, liderado pelo senador Randolfe Rodrigues, diz que Clécio não segue mais o programa de governo e os princípios que o elegeram em 2016, e que ele não estaria demostrando interesse em dialogar com o partido, deixando claro que a decisão teria sido unilateral.
“A Rede Sustentabilidade não abre mão de construir um campo alternativo à ‘Nova Harmonia’ que está sendo arquitetada no Amapá, a qual aglutina todos aqueles que foram derrotados em 2012, removidos do poder pela população após apresentarem graves casos de corrupção e descaso”, diz a nota.
Coletiva desta segunda (24), onde Clécio anunciou apoio a Josiel, do DEM. Foto: Seles Nafes
Josiel com os senadores Lucas e Flávio Bolsonaro, em setembro de 2019: apoio da família do presidente
Pré-candidato da Rede, Rubem Bemerguy, assina contra contra Clécio. Foto: Seles Nafes
As alianças em 2012 e 2016, continua a Rede, foram construídas para representar uma oposição ao governo Waldez e ao prefeito derrotado Roberto Góes.
“(…) que realizaram governos desastrosos para o povo de Macapá e do Amapá. E que estranhamente, agora, Clécio e Davi se unem a este mesmo grupo, já derrotado pelo povo, para tentar fazê-lo ressurgir na figura do irmão de Davi Alcolumbre”.
Desfiliação
A nota do partido diz ainda que Clécio não representa mais as posições do partido, e quer que o prefeito tenha a iniciativa de solicitar sua desfiliação por não apoiar a decisão coletiva da legenda de apoiar Rubem Bemerguy. Na coletiva de hoje de manhã, Clécio chegou a afirmar que não verá problema em se afastar ou mesmo se desfiliar da legenda, adiantando que ficará durante muito tempo sem uma nova legenda, caso o desligamento realmente venha a ocorrer.
Clécio na campanha de Davi, em 2018: fim de uma aliança. Foto: Seles Nafes/Arquivo SN
A Rede disse que vai se dedicar a não permitir que a cidade volte ao controle de partidos e pessoas que governaram a capital entre 2009 e 2012.
“O projeto popular para Macapá não é propriedade política ou intelectual de um mandatário, mas de um conjunto de pessoas que lutaram e lutam para essa construção. Ninguém tem o direito de falar por nossa Macapá, seu povo precisa de voz. Um projeto coletivo vale mais do que decisões individuais”.
ÍNTEGRA DA NOTA
A Executiva Estadual da Rede Sustentabilidade do Amapá e a Executiva Municipal de Macapá, considerando:
1) A declaração do atual Prefeito de Macapá, Clécio Luís, concedida em 24 de Agosto, onde declara publicamente apoio ao candidato do partido Democratas na disputa à prefeitura de Macapá em 2020.
2) Que é agora de conhecimento público e notório a decisão do prefeito Clécio de apoiar o candidato apresentado por uma coalizão de forças retrógradas, integrada inclusive, pelo governador Waldez Góes;
3) Que o senador Flávio Bolsonaro declarou publicamente que também apoiará o mesmo candidato de Clécio, em nome de toda a família Bolsonaro;
4) Que a gestão de Clécio Luís não segue mais o programa de governo que o elegeu em 2016, sob insígnia da Rede Sustentabilidade, nem conserva seus princípios;
5) Que o atual prefeito de Macapá não demonstra mais interesse em dialogar com o partido, tendo tomado tal decisão de forma totalmente unilateral, apartado do grupo que historicamente o apoiou.
6) Que a Rede Sustentabilidade não abre mão de construir um campo alternativo à “Nova Harmonia” que está sendo arquitetada no Amapá, a qual aglutina todos aqueles que foram derrotados em 2012, removidos do poder pela população após apresentarem graves casos de corrupção e descaso;
7) Que as alianças construídas em 2012 e 2016 para eleger Clécio e em 2018 para candidatura de Davi Alcolumbre foram pautadas pela oposição a um grupo liderado por Waldez Góes e o ex-prefeito derrotado Roberto Góes, que realizaram governos desastrosos para o povo de Macapá e do Amapá. E que estranhamente, agora, Clécio e Davi se unem a este mesmo grupo, já derrotado pelo povo, para tentar fazê-lo ressurgir na figura do irmão de Davi Alcolumbre;
8) Que a partir do governo de Jair Bolsonaro a polarização política no Amapá se reconfigurou não mais entre PDT e PSB, como se prolongava por 20 anos, mas sim entre, de um lado, forças autoritárias com forte histórico de corrupção e atraso para o Amapá e de outro lado, forças progressistas que tem resistido à formação de uma “Nova Harmonia” composta agora por Davi, Waldez, Clécio e Bolsonaro.
RESOLVE:
1) Informar à sociedade amapaense que o prefeito Clécio Luís não representa as posições do partido Rede Sustentabilidade.
2) Solicitar ao prefeito Clécio Luís que peça sua desfiliação, uma vez que já declarou que não acompanha a decisão coletiva partidária.
3) Dedicar esforços na construção de uma frente popular, formada por partidos e pessoas que querem o bem de Macapá e principalmente que não aceitem que a cidade volte para a mão daqueles que a governaram entre 2009 e 2012. Acreditamos que há um campo a ser construído, que tenha lado e posição política. Um campo que decide caminhar junto com o povo de Macapá e não com os poderosos;
4) Autorizar a comissão eleitoral para reunir com partidos que concordem com os pontos dessa nota e que historicamente fazem oposição a Waldez Góes no Estado do Amapá, considerando quaisquer esforços para que se construa um projeto capaz de impedir a organização da “Nova Harmonia”.
Convocamos todos os filiados e simpatizantes da Rede Sustentabilidade no Amapá à missão de continuarmos sonhando com uma Macapá desenvolvida socialmente, ambientalmente e economicamente, com direitos e garantias mantidos.
O projeto popular para Macapá não é propriedade política ou intelectual de um mandatário, mas de um conjunto de pessoas que lutaram e lutam para essa construção. Ninguém tem o direito de falar por nossa Macapá, seu povo precisa de voz.
Um projeto coletivo vale mais do que decisões individuais.
Assinam os membros do Diretório Estadual do Amapá, do Diretório Municipal de Macapá e Rubem Bemerguy, pré-candidato à prefeito de Macapá pela Rede Sustentabilidade.
