Voluntárias que atendem pacientes com câncer são vítimas de racismo em Macapá

A agressora não foi denunciada à polícia e saiu ilesa após uma conversa com uma voluntária do Instituto em Macapá
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Por ANDRÉ ZUMBI

Duas profissionais da saúde que prestam serviço voluntário no Instituto de Prevenção do Câncer Joel Magalhães (Ijoma), em Macapá, foram vítimas de racismo. O caso teria ocorrido na quinta-feira (19).

Uma mulher que buscava atendimento na instituição, que oferece serviços de saúde de forma gratuita, recusou-se ser atendida pelas profissionais por elas serem negras.

O episódio lamentável foi narrado em um vídeo postado pelo presidente da instituição, padre Paulo Roberto, em suas redes sociais. Nele, o religioso conta que a mulher, que não foi identificada, estava em busca de exames. Ela foi atendida na triagem e foi direcionada para a sala de coleta onde as voluntárias trabalhavam.

Lá, a mulher questionou a primeira que lhe atendeu se não havia uma outra pessoa que pudesse coletar seu sangue. A profissional então passou o bastão para a amiga que, ao se aproximar da paciente, recebeu a mesma indagação.

Padre Paulo Roberto: “Que tipo de mundo nós estamos? Que loucura é essa?”

“Então, chamaram a assistente social [que é branca], então ela permitiu que coletasse o exame. Ao sair, ela se dirigiu a pessoa (assistente social) e fez a seguinte indagação: ‘é só a senhora de branco que trabalha aqui dentro?’”, narrou o padre.

Paulo Roberto contou que ficou extremamente indignado quando o fato chegou ao seu conhecimento e lamentou que não houve tempo hábil para chamar a polícia. Ele disse que durante seu ministério sempre combateu atos de racismo e intolerância.

“Que tipo de mundo nós estamos? Que loucura é essa? Que loucura estamos vivendo! ‘Só tem a senhora de branco dentro do Ijoma?’ Estou indignado”.

Ele explicou que após uma breve conversa com a assistente social, a mulher foi liberada. A reportagem esteve no Instituto tentando ouvir as vítimas do racismo, mas elas não quiseram gravar entrevista. O Ijoma informou que mulher não foi denunciada pela instituição.

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