O empresário teve um infarto fulminante no último dia 19. O corpo foi cremado, mas as cinzas ainda serão lançadas no Rio Amazonas
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Por SELES NAFES
Depois de quase duas semanas, a tradicional Churrascaria do Mineiro reabriu as portas neste sábado (28), mesmo sem seu criador, Geraldo Vicente de Andrade Júnior, o “Mineiro”. Ele morreu no último dia 19, dois dias depois de completar 75 anos.
Mesmo após três infartos, o mais recente em 2014, Mineiro permanecia fumante, e com bom humor não seguia algumas orientações médicas.
“Ele dizia para o médico que poderia apenas reduzir (o cigarro), mas que não ia largar. O médico dizia que ele tinha que fazer dieta e reduzir o trabalho. Mas meu pai respondia: se o senhor pagar as minhas contas do fim do mês eu vivo mais 100 anos. Era o jeito dele”, lembra o filho Jean Lima de Andrade, de 26 anos, que agora comanda a churrascaria.
Apesar da saúde fragilizada, Mineiro tocava a churrascaria e cuidava da família ao lado da esposa, Maria Creusa, de 62 anos, que chefia a cozinha da churrascaria. Eles foram casados durante mais de 30 anos.
Mineiro amava pescarias. Fotos: Reprodução
E pediu para ter as cinzas lançadas no Rio Amazonas
Desespero no WhatsApp
No último dia 19, Jean, que também possui um escritório de contabilidade e estava de férias em Natal (RN), recebeu uma vídeo chamada da mãe. Ela estava em desespero. No fundo da imagem, Jean viu o pai cambalear e cair.
“Quando ele caiu minha mãe deixou o celular cair. A lente ficou aponta para cima e eu vi tudo acontecer. Ouvi quando ele pediu o remédio para pôr debaixo da língua, e depois dizer que não estava funcionando. Depois disse que ia morrer”, lembra.
Mineiro teve um infarto fulminante. No hotel, em Natal, Jean entrou em desespero e começou a gritar no quarto.
“Os funcionários do hotel vieram saber o que estava acontecendo. Peguei um avião e voltei o mais rápido”, acrescenta.
Creuza continua no comando da cozinha com a infalível culinária mineira. Fotos: Seles Nafes
Sandro: churrasqueiro há 17 anos com o Mineiro
Jean toca a churrascaria, mas ainda não teve força para o último pedido do pai
Nascido em Ituitaba (MG), Mineiro chegou em Macapá em 1985. Ficou famoso pelo churrasco, mas também pelo jeito fácil de fazer conversar. Dessa forma, ele converteu muitos clientes em amigos que o seguiram por vários endereços durante os 30 anos de atividades em Macapá. Os últimos anos foram no atual endereço, na rua Hamilton Silva, no bairro do Trem.
O corpo foi cremado no último dia 20, mas a família ainda não atendeu o último pedido de Mineiro. Amante de pescarias nos rios Amazonas e Matapi, ele queria que as cinzas fossem lançadas nas águas.
“Ainda não tivemos força para isso, mas marcamos para o dia 17 de dezembro de 2020, dia do aniversário dele”, revela Jean.
Com a equipe bem entrosada, fruto de anos de trabalho juntos, a Churrascaria do Mineiro não perdeu a qualidade, apesar de uma pessoa estar fazendo muita falta.
