Com apenas uma roupa no corpo, sujo e sem documento, o veterinário Fernando Mendonça, de 39 anos, conseguiu uma internação em uma clínica de reabilitação em Macapá. O profissional, que foi acusado de maus tratos contra animais, pediu ajuda a amigos depois de morar nas ruas e sentir o agravamento da dependência que tem às drogas.
Fernando Mendonça teve a vida revirada quando um grupo de pessoas invadiu sua clínica veterinária, em janeiro deste ano, e o acusou de maus tratos aos animais. O profissional chegou a ficar preso, mas, logo foi solto.
Desde então, ele perdeu a clínica, declarou falência, morou nas ruas, e passou a usar drogas com mais frequência. O homem chegou a pensar em suicídio, segundo o amigo Homero Alencar, para quem Fernando pediu ajuda na tarde de quarta-feira (6).
“O Fernando veio em casa ontem desesperado e faminto, a um passo de cometer suicídio. Ele me pediu para ser internado e chegou a dizer que se continuasse na rua poderia cometer algo contra ele”, contou Alencar.
Fernando (centro) com o amigo Homero Alencar e uma funcionária da clínica Foto: Homero Alencar/Arquivo Pessoal
Segundo o amigo, na noite de quarta-feira ainda, uma pessoa se disponibilizou a custear a estadia do veterinário na clínica de reabilitação. Mas pediu para permanecer com o nome anônimo. No mesmo dia, o veterinário chegou à clínica, tomou banho e conseguiu uma roupa.
“Agora, ele está bem. Vai ficar na clínica [num período] de 3 a 6 meses. E quando ele sair, vai precisar de amigos para ter o mínimo para viver, vestir e comer. É muito triste tudo o que aconteceu come ele. Ontem, ele estava muito faminto”, disse Alencar.
Veterinário na clínica, recebendo as boas vindas Foto: Homero Alencar/Arquivo Pessoal
Inquérito
As investigações da Delegacia de Meio Ambiente (Dema) concluíram que o veterinário Fernando Mendonça Nazaré não praticou crimes de maus tratos contra animais. O caso ganhou repercussão após vídeos mostrarem a clínica suja de sangue. O médico chegou a ser preso no dia 18 de janeiro deste ano, e foi solto.
Os dados do processo foram enviados por meio de um termo circunstanciado para a Justiça, que pode arquivar o caso, discordar e denunciar o veterinário ou pedir maior apuração da delegacia.
